domingo, 21 de novembro de 2010

A PRIORIDADE DE JOÃO MAIA

Deu em Roda Viva, Novo Jornal.

Postado no blog de Laurita Arruda


O economista João Maia apareceu, na virada do século, como a grande novidade política do Rio Grande do Norte, terra da sua família, mas onde ele tinha tido – até então - pouca vivência.

Chegou como o norte-rio-grandense consagrado em outras terras que se permitia transferir aos conterrâneos a experiência e o prestígio capitalizados antes de ganhar cabelos brancos (platinados, segundo o jornalismo bajulatório).

O nome de João Maia começou a aparecer por aqui durante o Governo Collor como integrante da jovem equipe econômica arrebanhada para derrotar a inflação e capitaneada por Zélia Cardoso.

Tentativa que deu no que deu…

Depois, se ouviu falar nele por pilotar – em nome do Banco Fator – uma operação de salvamento de duas grandes empresas de fruticultura do RN, a Maisa e a Fazenda São João, juntamente com a pernambucana Fortefruit, dentro das regras do mercado, na época do governo Fernando Henrique. Logo depois, as empresas sucumbiram e suas terras foram desapropriadas para reforma agrária, já no Governo Lula.

Com a vitória de Wilma de Faria para o Governo do Estado seu nome foi indicado pelo senador José Agripino, que a apoiou no 2º turno, “para dar densidade ao secretariado” e ele foi nomeado secretário de Desenvolvimento. Não se conhece nenhum marco expressivo da sua passagem pelo governo, de onde saiu para disputar a deputação federal. Eleito, dedicou-se à criação do seu próprio partido, o PR .

A legenda própria era a senha para chegar ao governo. Na eleição imediata já tinha o seu nome colocado no sistema governista, juntamente com Iberê Ferreira de Souza e Robinson Faria, como aspirante a governador. Escolhido Iberê, João acomodou-se à nova situação e tratou da própria reeleição, retomando o projeto por outra vertente.

Tendo afinidades com Wilma e Zé Agripino, apoiou, apenas, Garibaldi Alves para o Senado, em razão de uma sub-coligação que fez para Deputado Federal com o PMDB e o PV. Aos seus eleitores alardeava ser candidato a ministro – ministro dos Transportes. No Ministério que já havia se transformado em capitania do seu partido, que ele passou a gerir em nível de Rio Grande do Norte, de forma ostensiva.

Ao ponto de usar todas as ações presentes e futuras como pontos de venda de seu nome. Bancou uma rica campanha em todo o Estado para ser o mais votado. Conquistou expressivos 217 mil votos, mas – surpreendentemente – foi superado pelos 220 mil votos de Fátima Bezerra. Porém, sua excelente votação serviu para garantir uma cadeira do PV na Câmara Federal e o prosseguimento de sua aliança com a prefeita Micarla de Sousa que já lhe havia entregue a Secretaria de Mobilidade Urbana (parte menor da capitania que podia ter sido acrescida pelo DER, lhe oferecido e rejeitado).

Aí apareceu a Operação Via Ápia da Polícia Federal denunciando a existência de uma quadrilha (expressão bancada pelos agentes federais) agindo no DNIT, a partir da prisão de um dos seus dirigentes, sobrinho de Maia, com uma mala de dinheiro de origem duvidosa. Na mesma época, Micarla demitiu seu indicado no Secretariado, num episódio nebuloso.

Neste novo e complicado cenário, a prioridade de João Maia passa a ser a salvação do mandato conquistado nas urnas, mas ameaçado no meio de tanta turbulência, se houver impugnação na sua diplomação. Além de se obrigar a desmentir a hipótese corrente de que, numa terra onde alguns são suspeitos de fazer negócios para se manter na política, ele teria entrado na política para fazer negócio.

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